quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Festival de Teatro Infantil com acessibilidade no Ceará

Por assessoria de imprensa

O 5º Festival de Teatro Infantil do Ceará - TIC oferta uma programação para todas as infâncias, indo dos bebês até aquelas crianças que já alcançaram a fase adulta, de forma que todas sem qualquer distinção estão convidadas a participarem da programação e a ocuparem o seu lugar na sociedade. Afinal, lugar de criança é em todo lugar!

E pelo terceiro ano consecutivo, em parceria com Leão & Braga Audiodescritores Associados, o TIC oferece recursos de acessibilidade cultural para que as crianças com deficiência possam participar do festival em situação de fruição igualitária com as demais crianças. Serão oferecidas audiodescrição e tradução simultânea em LIBRAS na programação dos dias 07 e 08. Já no dia 09, o público surdo poderá conferir mais um espetáculo com tradução em LIBRAS. Confira abaixo a programação acessível do festival:

07/10/2015 (quarta-feira)
9h e 14h* – Em Busca do Ingrediente Secreto – Chica e Olga Ateliê De Criações (SP)
*Sessão com Audiodescrição e com tradução simultânea em LIBRAS
LOCAL: Theatro José de Alencar

SINOPSE:
Duas palhaças-cozinheiras, Chica e Olga, vivem uma grande aventura em busca de um ingrediente secreto. O desafio é preparar uma receita incrível e vencer o Festival Gastronômico da Tia Gertrudes. Com o surpreendente Fogão Maravilhoso, elas percorrem lugares inimagináveis em um piscar de olhos e convidam todos os espectadores a viajarem nesta jornada.08/10/2015 (quinta-feira)
 
08/10/2015 (quinta-feira)
9h* e 14h – João Botão – Teatro Máquina (CE)
*Sessão com Audiodescrição e com tradução simultânea em LIBRAS
LOCAL: Theatro José de Alencar

SINOPSE:
Numa livre adaptação do romance "Jim Knopf e Lucas, o maquinista" de Michael Ende, o grupo recria a situação-motivo, ambientada agora numa pequena ilha inventada. Os quatro habitantes de Pequeno se veem diante de uma grande novidade. Mas, e agora? O espaço é pequeno demais para mais um e todos precisam se entender para tentar resolver esse problema.

09/10/2015 (sexta-feira)
14h* e 18h – Seu Rei Mandou – Cia Meias Palavras (PE)
*Sessão com tradução simultânea em LIBRAS
LOCAL: Sesc Senac Iracema

SINOPSE:
Inspirado pela tradição oral, o espetáculo narra a trajetória de tirania, bravura e bonanças de três reis através das histórias: “A Lavadeira Real”, “O Rato que roeu a Roupa do Rei de Roma” e “O Rei Chinês Reinaldo Reis”. Todas recontadas e criadas pelo escritor, ator e contador de histórias, Luciano Pontes, acompanhado por flauta e tambor do músico Gustavo Vilar.

O TIC inclui também este ano em seu programação, atividades de cinema, circo, dança e música, com belas produções de artistas cearenses, pernambucanos, paulistas e estrangeiros.

Para conferir a programação na íntegra, acesso o link: http://festivaltic.com.br/programacao/.
 


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Coordenadora do Grupo LEAD fala sobre acessibilidade de pessoas com deficiência

A Prof.ª Vera Lúcia Santiago, coordenadora do Grupo LEAD da UECE, concedeu no início deste mês, uma entrevista sobre a acessibilidade de pessoas com deficiência e a perspectiva das pesquisas em audiodescrição e legendagem para surdos.

Há cerca de 15 anos a acessibilidade para surdos e cegos nos meios audiovisuais tem sido a causa pela qual luta a professora Vera Lúcia Santiago Araújo. É meta da pesquisadora permitir que os meios se adaptem à surdez e à cegueira incluindo as pessoas que passaram anos à margem dos eventos culturais.

É trabalho (e desejo) dela fazer com que o surdo e o cego participem, por exemplo, de uma exposição de arte, de uma visita ao museu, de uma sessão de cinema, de um jogo de futebol. Por isso, a professora Vera investe nos trabalhos com audiodescrição, para cegos, e com legendagem e janela de Libras (a Língua Brasileira de Sinais), para surdos.

Nesta entrevista ao O POVO, ela celebra as conquistas que as pesquisas nas áreas já obtiveram - como o maior acesso a esses recursos, o aumento no número de profissionais para os serviços, o avanço das pesquisas e a maior conscientização de que cegos e surdos podem, sim, consumir os mesmos produtos culturais que aqueles que veem e ouvem.

Mas, como não é fácil incluir uma comunidade que passou várias gerações alheia à cena cultural, há obstáculos. É difícil convencer produtores culturais de que há um público excluído das obras. Assim como não é fácil fazer com que o poder público se aproprie da causa. Muitas vezes, as ações ficam restritas ao gestor que está no comando. E, por vezes, é um processo lento também mostrar aos surdos e cegos que eles têm direito à inclusão.

É aos poucos que a professora Vera, junto com demais pesquisadores da audiodescrição e da legendagem, vai argumentando a favor de um grupo que clama para ser compreendido.

O POVO – Além das pesquisas, como atua o Laboratório de Tradução Audiovisual que a senhora coordena, na Uece?

Vera Lúcia Santiago Araújo – Já fizemos audiodescrição em vários lugares, em cinema, exposições culturais, no Cine Ceará (festival de cinema). Isso chamou atenção de alguns produtores culturais, mas tudo o que está acontecendo com os profissionais que saíram da Uece (a Universidade Estadual do Ceará) tem sido por iniciativa governamental. Com o atual secretário da Cultura (do Estado), Guilherme Sampaio, que é aberto a essas questões de acessibilidade, estão acontecendo vários eventos nessa área. Mas acho que ainda estão faltando mais ações. Os profissionais estão aí, mas os produtores não estão sensibilizados para tornar seus produtos acessíveis. É possível tornar acessível uma peça de teatro, um filme, uma exposição de arte, um jogo de futebol ou qualquer outra competição esportiva. Fizemos recentemente, na pesquisa de um mestrando (da Uece) que é cego, a audiodescrição de um jogo do Ceará, no Castelão. Mas falta que essa iniciativa parta dos produtores culturais, contratando profissionais, e não que isso parta apenas de universidades e do poder público.

OP – Quem são esses produtores a que a senhora se refere?

Vera – Cineastas, produtores culturais, produtores do próprio Cine Ceará. Só fizemos parceria com o evento uma vez. Parece que neste ano terá novamente.

OP – Como a tecnologia está aliada à acessibilidade nos meios audiovisuais hoje?

Vera – Outros lugares do Brasil já têm aplicativos para que a pessoa com deficiência possa acessar do seu celular a audiodescrição, legendas ou a janela de Libras, no cinema. Mas, para isso, os cinemas precisam disponibilizar a tecnologia. Isso está engatinhando. No Ceará tem um grupo que trabalha com isso. Já tive reunião com eles. É o grupo do professor Agebson Rocha, do IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará). Pelo que ele me falou, a intenção é desenvolver um aplicativo, mas ele não conseguiu nenhum acesso às salas de cinema aqui.

OP – O aplicativo desenvolvido pelo professor Agebson funciona com voz sintetizada, em vez da voz humana. Na época em que foi lançado, houve uma polêmica a respeito disso. O que a senhora pensa sobre esse recurso?

Vera – Acho que a voz humana é bem melhor. Há várias questões envolvidas na audiodescrição, e a locução é uma delas, porque, com ela, você dá vida, dá expressividade. No caso dos outros aplicativos, a audiodescrição é feita com voz humana.

OP – A principal proposta desse aplicativo é audiodescrever filmes antigos. Para tornar os filmes acessíveis, esse aplicativo não é útil, mesmo com voz sintetizada?

Vera – Claro que sim. Nós estamos em fase de saber o que funciona e o que não funciona. Conheço um projeto para tornar um curso de matemática financeira acessível. Muitas das vezes a voz sintetizada teve seu papel. Não dá para descartar. Também já tivemos experiência para verificar uma audiodescrição mais detalhada e outra menos, e pudemos observar que as duas deram resultado, dependendo do público. Voz sintetizada é uma modalidade muito nova. Acho que a melhor forma é você estar aberto a todas as possibilidades, além de fazer pesquisa de recepção para ver o que vai funcionar ou não.

OP – Com mais profissionais no mercado para o trabalho da
audiodescrição e da legendagem, há como todos serem absorvidos?

Vera – Poderiam, se os produtores culturais os contratassem. O problema é que, normalmente, os produtos não são transformados em acessíveis.

OP – E o que falta para tornar esses produtos acessíveis?

Vera – Há o problema do acesso das pessoas com deficiência a esses produtos culturais. É difícil convencer os produtores culturais da existência desse público. Muita gente não conhece a audiodescrição e a legendagem. Muitos deficientes visuais desconhecem que podem ir à exposição de arte. Por exemplo, a exposição do Da Vinci (do artista italiano Leonardo Da Vinci, que está ocorrendo em Fortaleza). É uma exposição maravilhosa, mas ninguém pensou em acessibilizá-la. Além dela, muitas outras exposições interessantes não são acessibilizadas. O que acontece são ações pontuais. A Secretaria de Cultura, por exemplo, faz um evento e decide colocar audiodescrição e legendagem. Mas isso são coisas bem pontuais. É preciso tornar acessível aquilo que está disponível à população.

OP – Alguns produtores reclamam que já colocaram recursos de acessibilidade em suas obras, mas o número de pessoas com deficiência que visitaram o local foi muito baixo. Como fazer para haver mais interesse?

Vera – A primeira coisa é convencer a pessoa com deficiência de que os produtos culturais não podem ser realizados nos horários que eles preferem. Não há uma resistência, e, sim, um desconhecimento. Na Inglaterra houve uma campanha nacional, falando sobre audiodescrição, legendagem e interpretação da língua de sinais. Isso já é algo incorporado lá. Todos os DVDs que saem lá já têm esses recursos disponíveis. Acho que está faltando uma campanha, uma mobilização. Já participei de um congresso que não conhecia audiodescrição.

OP – Aqui no Brasil, a senhora tem algum modelo de bom exemplo de acessibilidade?

Vera – Já tivemos várias exposições. Uma delas foi a Viva Fortaleza, realizada no Dragão do Mar. Ela foi tornada acessível com vídeos audiodescritos. Temos uns 12 DVDs acessíveis, como Irmãos de Fé, do padre Marcelo Rossi, o filme do Chico Xavier (Chico Xavier - O filme), o filme sobre Bezerra de Menezes (Bezerra de Menezes - O diário de um espírito). Também tivemos Ensaio sobre a cegueira, que foi audiodescrito pelos meus alunos de Belo Horizonte.

OP – Quando foi feita a audiodescrição dos filmes do Cine Ceará, muitos cegos reclamaram que eram obras desconhecidas e queriam ter acesso a filmes comerciais. Como é o contato com esses produtores?

Vera – Sempre é o cineasta que se sensibiliza, mas ele quer que o trabalho seja feito de graça. O que a gente quer é que eles entendam que somos profissionais e que precisamos ser pagos. Me incluo, embora eu não viva disso, mas sou responsável pela formação de pessoas que querem viver disso, e preciso que o mercado esteja aberto para eles. Os alunos se apaixonam, entram de cabeça na história, mas não conseguem entrar no mercado.

OP – Mas isso ocorre porque o cineasta não vê um ganho imediato para ele, não?

Vera – Talvez. Em termos de público.

OP – Qual o papel que o deficiente pode desenvolver, para convencer o cineasta da importância da acessibilidade?

Vera – O deficiente precisa acreditar que ele tem direito ao acesso. Após tanto tempo de exclusão, ficou complicado a pessoa com deficiência acreditar que ela pode ir a uma peça de teatro. E todas as vezes que trabalhamos em uma peça, é uma logística enorme. Temos que convencer o produtor a alugar o equipamento. Muitas vezes fizemos sem esse equipamento, com todos os alunos. Na época, a diretora do Theatro José de Alencar, Izabel Gurgel, cogitou comprar esse equipamento, que não é tão caro. Graças a Deus agora, na Uece, temos esse equipamento. Mas ele é para pesquisa, e não será disponibilizado para o público.

OP – Quanto custa?

Vera – R$ 33 mil o equipamento completo, com cabine para os audiodescritores, rádios para recepção e mesa de som. Os rádios é que são mais caros.

OP – A senhora levou um grupo de cegos para um jogo no Castelão. Como foi esse trabalho?

Vera – Fez parte de uma pesquisa de mestrado de um aluno da Uece, o Celso Nóbrega. A proposta era disponibilizar a audiodescrição em jogos de futebol. Já existem várias ações mostrando que o cego que vai ao estádio precisa da audiodescrição, para descrever a torcida, a comemoração, saber se houve algum incidente dentro do estádio. O que a gente percebe é que muitos deficientes acompanham de casa, porque acham que não é necessário ir ao estádio. Mas estamos tentando encontrar o ponto.

OP – Como é a preparação do audiodescritor que trabalha em um filme ou peça e daquele que realiza a audiodescrição de um evento ao vivo?

Vera – São preparações diferentes. Para quem vai trabalhar em filmes, audiodescrevendo, legendando ou interpretando com Libras, é necessário que conheça um pouco sobre cinema. Tem que estar entre o cinéfilo e crítico de cinema. Ele tem que conhecer o gênero que está audiodescrevendo. Tem que ter noções de linguagem de câmera, história do cinema. Se ele vai para televisão ou teatro, a mesma coisa. No caso do teatro, há uma diferença, porque embora o audiodescritor tenha o roteiro, muita coisa acontece na hora, de forma improvisada. No caso do ‘ao vivo sem roteiro’, como um jogo de futebol, o audiodescritor precisa munir-se de informações básicas, como história do time, conhecer o campeonato e os jogadores, além de todas as questões que possam surgir na hora. É preciso que o audiodescritor esteja no perfil do que será audiodescrito.

OP – Como os grupos de pesquisa na Universidade podem ajudar a tornar a audiodescrição e a legendagem mais acessíveis para emissoras de TV e produtoras de cinema?

Vera – A universidade procura recursos de todas as formas para realizar o trabalho. E a maioria desses recursos vem por meio de editais públicos.

OP – Os editais de fomento à cultura têm contemplado a audiodescrição?

Vera – Até bem pouco tempo, não. Mas agora, com regulamentação da Agência Nacional de Cinema (Ancine), o Governo só irá financiar projetos que tenham cópias acessíveis.

OP – E como está a acessibilidade para surdos e cegos na TV?

Vera – Era para ter começado em 2008. Duas horas semanais das emissoras de TV tinham que ter audiodescrição, legendagem ou Libras. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) entrou com recurso no Ministério das Comunicações para que fosse retirada a audiodescrição. Eles alegaram que não havia profissionais e que as emissoras não estavam preparadas. Depois de muita discussão e portarias, a audiodescrição começou, mas apenas para o sinal digital. Hoje quatro horas semanais das emissoras são audiodescritas, e daqui a dez anos deverão ser 20 horas semanais.

OP – Isso é razoável?

Vera – É muito pouco, principalmente se não houver um comprometimento das emissoras. Elas podem audiodescrever um filme e passar mais de uma vez. Eles estarão cumprindo a lei, é muito pouco. Desde 2006 o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que as campanhas eleitorais tivessem a janela de Libras. As emissoras colocam uma janela muito pequena, que quase não dá para ver. Eles cumpriram a lei, mas não promoveram acessibilidade.

OP – Qual é a situação do Ceará em termos de acessibilidade? Estamos em uma situação ruim ou já fomos piores?

Vera – Sempre tivemos um certo apoio dos governos estadual e municipal. Agora mais ainda, com o secretário Guilherme Sampaio (da Cultura do Estado), mas é sempre uma questão pontual. Todo mundo acha lindo e maravilhoso, mas precisamos de mais apoio.

OP – A Uece tem pesquisado há muito tempo sobre esses temas, mas, paradoxalmente, parece não haver muitos alunos com deficiências visual e auditiva na Universidade. A senhora sabe quantos cegos e surdos estão matriculados na Uece atualmente?

Vera – Cegos, uns 20. Surdos, até onde eu saiba, nenhum. A UFC (Universidade Federal do Ceará) não tem pesquisa nessa área, mas tem uma secretaria, coordenada pela professora Vanda Leitão (a Secretaria de Acessibilidade UFC Inclui). A UFC tem uma política de acessibilidade. Na Uece, acho que a acessibilidade não é prioridade, creio que é mais por desconhecimento. Temos uma comissão chamada Uece Acesso mas, na minha visão, uma comissão não é suficiente. No Centro de Humanidades da Uece temos cerca de quatro cegos que precisam se virar.

OP – Como a senhora começou a se interessar pela acessibilidade?

Vera – Foi jogado no meu colo. Eu sempre gostei de legendagem. Quando voltei do doutorado, em 2000, decidi trabalhar com ela. Como eu tinha trabalhado com legendagem em VHS durante o doutorado, comecei a trabalhar com a legendagem que passava na televisão. Pensei que era apenas uma pesquisa, mas acabei ficando até hoje. A gente acaba se envolvendo na luta dos deficientes. E tudo isso esbarra em uma questão que, para mim, é muito cara, que são a educação, o acesso e a inclusão, com recursos que estão ao alcance da mão. Quando você começa a trabalhar nessa área, não sai mais.

OP – Qual é o próximo desafio da senhora nessa área?

Vera – Meu desafio é formar locutores para trabalhar com audiodescrição em jogos de futebol. Isso é uma pesquisa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Estou trabalhando com fonoaudiólogos, tentando montar padrões para que eu possa formar esses locutores. Agora que temos o equipamento para a audiodescrição, outro desafio é formar audiodescritores para atuar ao vivo, sem roteiros.

OP – A senhora prevê um cenário melhor na audiodescrição durante os Jogos Olímpicos de 2016?

Vera – Acho que não. Até agora não houve contato para realização de audiodescrição. Para um evento grande como as Olimpíadas, é preciso que o trabalho comece muito antes. Se houver, creio que não será bom. Os audiodescritores de todo o Brasil estão juntos, no objetivo de tornar o País acessível.

OP – Quem trabalha com uma pessoa com deficiência desenvolve uma relação bem maior do que a de trabalho. Os alunos que se preparam para serem audiodescritores devem, então, estar abertos a essa proximidade.

Vera – É necessário. Para trabalhar e fazer pesquisa, é preciso se envolver. Se isso não acontecer, não é possível realizar pesquisa. Quando tem um trabalho, convoco a todos que tenham essa proximidade. É muito fácil para quem enxerga tapar os olhos e achar que entende o cego. Não é assim. Também é fácil tapar os ouvidos e dizer que conhece o mundo do surdo. E também não é assim. No caso do surdo, outras questões existem, porque envolve outra língua, a questão da comunicação e outra cultura.

OP – Qual o papel do cego durante a elaboração da audiodescrição?

Vera – O cego realiza o trabalho de consultoria. Mas, para fazer esse trabalho, o cego tem que ter formação em audiodescrição. Não basta ser cego. É aconselhável que ele participe do processo de elaboração da audiodescrição ou que ele verifique o trabalho final. Essa audiodescrição só acontece quando não é ao vivo. Mas ainda não está fechada, porque estamos pesquisando para ver como fica melhor. Tudo é um processo. No início, pensava-se que não poderia audiodescrever eventos ao vivo. Isso caiu por terra. Ainda estamos procurando o ponto.

OP – A senhora acha que a formação de uma pessoa com deficiência para trabalhar com produção cultural pode ocorrer na fase adulta?

Vera – Por causa da língua, o acesso para os cegos é mais rápido e pode ser feito em qualquer idade. Para os surdos, isso é mais difícil. O mundo é mais inacessível para surdo do que para cegos. Muitas pessoas acham que o surdo tem problema de cognição, mas isso não é verdade. Há a barreira da família e principalmente da língua.

OP – O Governo Federal está criando um guia sobre acessibilidade. O que a senhora acha indispensável nesse documento?

Vera – Esse guia vai dizer para os produtores culturais como se faz uma boa legendagem, audiodescrição e janela de Libras. Esse é o ponto mais complicado. Estou mais envolvida com a legendagem. Nessa parte vão constar questões técnicas, de linguagem e questões tradutórias.

Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/paginasazuis/2015/06/15/noticiasjornalpaginasazuis,3453673/por-um-mundo-mais-acessivel-para-cegos-e-surdos.shtml

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Salão de Abril realiza ações educativas com acessibilidade

A 66ª edição do Salão de Abril realizou nessa terça-feira (05) ações educativas com jovens com deficiência visual e jovens surdos, que puderam acessar as obras com acessibilidade e conhecer seus criadores. Confira na matéria da jornalista Joanice Sampaio veiculada no blog PapoCult.

Alunos com deficiência visitam o Salão de Abril através da Ação Educativa de Acessibilidade

Com uma proposta inédita na exposição, o projeto de acessibilidade cultural da 66ª edição do Salão de Abril, promove nesta terça-feira, 5, uma ação educativa que contemplará cerca de 150 alunos do Instituto Cearense de Educação de Surdos - ICES e a Associação de Cegos do Estado do Ceará - ACEC. As atividades serão realizadas nos turnos da manhã, a partir das 10h e no período da tarde, às 14h, onde os estudantes participarão de uma visita guiada com orientação dos educadores da Mostra, além de uma atividade interativa com artistas cearenses que estão com trabalhos expostos no Salão. 

Segundo o especialista em acessibilidade, Klístenes Braga, a ação é inovadora principalmente por possibilitar o contato dos estudantes com os artistas da exposição e por isso é interessante que as instituições possam aproveitar desse momento para oferecer uma aula de campo, participando efetivamente da exposição. “A ideia é darmos a oportunidade desses alunos conhecerem não só a obra mas o autor daquele trabalho, permitindo que eles possam dialogar com os artistas e se sintam instigados a ampliar sua percepção sobre a obra. Quando falamos em acessibilidade, na verdade, significa dar oportunidade igual, permitir que eles entendam que estão participando como qualquer outro visitante da exposição e eu vejo a satisfação desses alunos quando são realizados eventos com esse foco aqui no estado”, ressalta Klístenes, que foi responsável pelo projeto de acessibilidade da exposição.

Para Narcélio Grud, que estará presente na ação, a iniciativa é muito importante não só para os estudantes, mas para o próprio artista que encontra uma forma de expor o seu trabalho de maneira diferenciada. “Já realizei outras ações que pude mostrar minha obra para pessoas com deficiência e achei muito interessante a leitura que eles fazem da obra, demonstram uma sensibilidade muito mais apurada que, às vezes, um outro público não consegue compreender. Por isso, quero nessa ação explicar meu trabalho de maneira bem interativa, pretendo desmontar algumas partes para mostrar o processo de construção”, disse o artista que expõe a obra “Ciclosound”,  no Salão de Abril deste ano.

Durante todo o período de visitação, o público teve contato com uma série de ações assistivas, implementadas na edição deste ano, com o intuito de contemplar várias categorias de acessibilidade: arquitetônica, atitudinal, comunicacional e cultural. Além de recursos tecnológicos na própria apresentação das obras com tradução audiovisual por meio da audiodescrição e etiquetas em Braille  para a acessibilidade do público com deficiência visual, a equipe CCBNB recebeu capacitação voltada para sensibilização no atendimento à pessoa com deficiência e a exposição contou com quatro educadores, divididos entre os dois turnos de funcionamento, sendo um educador com deficiência visual, um com deficiência auditiva e outro intérprete de libras.

O 66º Salão de Abril é uma realização da Prefeitura Municipal de Fortaleza, por meio da Secretaria de Cultura, com o apoio do Centro Cultural Banco do Nordeste e Projeto de Acessibilidade de Leão & Braga Audiodescritores Associados. O público poderá conferir a exposição até o dia 09 de maio de terça a sexta-feira, das 10h às 20h e sábados 10h às 19h, na Galeria Antônio Bandeira, no Centro Cultural Banco do Nordeste (Rua Conde D'Eu, 560 – Centro).


Serviço
Mostra Nacional do 66º Salão de Abril
Galeria Antônio Bandeira - Centro Cultural Banco do Nordeste 
Rua Conde D'Eu, 560 – Centro 
Visitação: Terça a sexta-feira de 10h às 20h, e sábados 10h às 19h.
A exposição fica em cartaz até 09 de maio de 2015.
Mais informações: 3105.1339 / 3105.1392
 
http://www.papocult.com.br/2015/05/alunos-com-deficiencia-visitam-o-salao.html

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Espetáculo com audiodescrição e tradução em LIBRAS para crianças em Fortaleza

Grupo de teatro apresenta espetáculo acessível para crianças com deficiência pela primeira vez no Festival Palco Giratório em Fortaleza
Por assessoria de imprensa

A programação do Festival de Artes Cênicas Palco Giratório contará com uma grande novidade este ano em Fortaleza. Crianças com deficiência visual e crianças surdas poderão desfrutar juntas com as demais crianças, utilizando-se dos recursos da Audiodescrição e da tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).

O Grupo Bandeira das Artes apresentará neste domingo (26) o espetáculo 'Miralu e a Luneta Encantada', com texto e direção de Fernando Lira, às 17h, no Teatro SESC Emiliano Queiroz, integrando a programação do festival. O projeto do espetáculo foi contemplado pelo Programa BNB de Cultura / Parceria BNDES em 2012 e aborda a temática da deficiência visual em uma encantadora história de superação e descoberta de novas possibilidades.

Miralu era uma menina parecida com qualquer menina que existe por aí. Igualzinha, mas DIFERENTE. Ela tinha um amigo muito querido e uma família aparentemente legal. Miralu tentava ajudar todos eles, mas eles não deixavam porque ela era DIFERENTE. Até que um dia Miralu desejou não ser mais DIFERENTE... Num passe de mágica, Miralu segue em busca de realizar o seu maior desejo. O que ela não sabia era que nem tudo é o que parece, mas que tudo pode estar ao alcance do coração. 

O grupo é formado por atores e pesquisadores da UECE, que trabalham na perspectiva da produção teatral com acessibilidade. Em 2010, o grupo realizou a primeira sessão de teatro infantil com acessibilidade no Ceará, com a produção do musical infantil "A Vaca Lelé", assistida por crianças com deficiência visual e intelectual, bem como por crianças surdas. Neste domingo, os pequenos espectadores poderão conferir a história de "Miralu", participando mais uma vez efetivamente da vida cultural através da programação oferecida pelo festival.

Acessibilidade Cultural

Segundo dados do IBGE (2010), o Ceará tem 2.340.329 pessoas com deficiência e 646.493 desse universo estão em Fortaleza, distribuídas nas mais diversas faixas etárias. Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, de acordo com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU. Em se tratando da deficiência sensorial, que compreende a deficiência visual e auditiva, vários recursos de tecnologia assistiva disponíveis atualmente favorecem a acessibilidade cultural de pessoas na infância, na juventude e na maturidade, tais como a audiodescrição, a legendagem para surdos, a tradução para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), dentre outros.

Segundo Klístenes Braga, um dos fundadores do grupo teatral e também da Associação de Tradutores Audiovisuais do Brasil - ATAV Brasil, acessibilidade cultural diz respeito a um conjunto de medidas previamente planejadas para assegurar o acesso e a fruição das pessoas com deficiência aos bens, produtos, serviços e atividades culturais, bem como aos locais e eventos destinados à difusão cultural, de forma ampla, irrestrita e autônoma. 

::SERVIÇO 
Espetáculo infantil “Miralu e a Luneta Encantada”, Grupo Bandeira das Artes
Sessão com Audiodescrição e tradução simultânea em LIBRAS 
Data/horário: 26/04/15, às 17h
Teatro SESC Emiliano Queiroz (Av. Duque de Caxias, 1701, Centro)
Ingressos: R$ 5,00 (meia) | R$ 10,00 (inteira) 
Classificação: LIVRE e ACESSÍVEL para todos os públicos
Breve descrição da imagem por Klístenes Braga: cartaz eletrônico de divulgação do espetáculo. Na parte superior, à esquerda, está escrito em letras pretas 'Grupo Bandeira das Artes apresenta'. Na parte inferior, à esquerda, há o desenho de uma menina de pele branca e cabelos castanhos presos num rabo de cavalo por uma fita vermelha. Seu vestido também é vermelho. Ela está com um boneco sobre os ombros e olha para a esquerda através de uma luneta lilás que tem um coração vermelho na lente. Um pássaro amarelo sobrevoa a ponta da luneta. Ao seu lado, há um homem de bigode e cavanhaque finos e brancos, usando chapéu lilás pontudo com a aba laranja e blusão com capa e calça lilás. Ele está com o braço esquerdo erguido. Atrás dos dois, ao fundo, há uma casinha amarela, e na frente deles, pequenas flores coloridas. Sob céu anil, vários pássaros coloridos sobrevoam o título centralizado: 'Miralu', em letras vermelhas, 'e a luneta encantada', em letras lilás. Acima da cabeça do homem está escrito em letras vermelhas 'texto e direção' e, em letras pretas, 'Fernando Lira'. No rodapé há os logos dos patrocinadores, apoiadores e parceiros

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Acessibilidade Cultural

Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SCDC/MinC) inicia debate acerca de um projeto para premiar as iniciativas que mais se destacam no campo da acessibilidade cultural.

Entre as iniciativas da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SCDC/MinC) está a potencialização das ações que promovem a acessibilidade cultural. Nessa terça-feira, a secretária Ivana Bentes recebeu a diretora do Instituto de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Ambientais e Culturais do Brasil (Idescha), Doris Couto, para iniciar o debate acerca de um projeto para premiar as iniciativas que mais se destacam na área.

“Prover o acesso vai muito além de construir rampa e elevador. É preciso levar em conta a diversidade das necessidades e que as ações devem ser pensadas a partir da compreensão dos gestores de cultura sobre o acesso”, ressaltou a diretora.

A secretária Ivana Bentes reforçou o compromisso da SCDC para com a pauta: “Pensar em política pública de acessibilidade cultural vai além de construir em rampa e elevador”, afirmou.

Fonte: https://www.facebook.com/cidadaniaediversidade/photos/a.220084158115001.43757.217242761732474/711646288958783/?type=1&theater&notif_t=comment_mention

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Assessilidade cultural: teatro acessível inspirado em canção de Luiz Gonzaga

Por assessoria de imprensa

O Grupo Alumiar Cenas & Cirandas estreará o espetáculo “Os Cavaleiros" neste final de semana, no Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, tendo como diferencial a oferta de recursos de acessibilidade cultural para os públicos com deficiência visual e surdo em todas as sessões, de forma que ambos poderão escolher a data e o horário que melhor lhes convier.

O espetáculo comemora os 15 anos do grupo, que tem como coordenadora e diretora teatral a Prof.ª Socorro Machado. O restante da equipe é composto por pesquisadores e estudiosos da cultura popular, arte-educadores, pedagogos e comunicadores. Todas as 24 sessões da temporada contarão com a tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e a audiodescrição, em atendimento aos públicos com deficiência visual e surdo, respectivamente. Todas as sessões da temporada serão acessíveis, fato inusitado na programação teatral da cena local. Outra novidade é a presença de vaqueiros, que virão dos municípios de Morada Nova e de Canindé no dia da estreia (11).

Desta forma, o Grupo Alumiar Cenas & Cirandas se propõe a destacar através da linguagem teatral, a importância da Cultura Popular, e possibilitar que todas as sessões sejam acessíveis às pessoas com deficiência.

::Serviço
Apresentação do espetáculo teatral "Os Cavaleiros", do Grupo Alumiar Cenas & Cirandas
Texto: Criação coletiva do Grupo
Direção Geral: Socorro Machado
Tradução em LIBRAS: Bruno Rodrigues e José Cavalcante
Audiodescrição: Bruna Leão e Klístenes Braga
Data/horário: 11 e 12/04; 24, 25, 30 e 31/05; e 06, 07, 13, 14, 20 e 21/06 | sempre às 19h
Local: Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
Ingressos: R$ 10,00 (MEIA) e R$ 20,00 (INTEIRA)
Classificação Indicativa: 9 anos

Salão de Abril começa nesta sexta (10) com foco na acessibilidade

Matéria publicada na página da Rádio Universitária FM 107,9, em 10/04/2015.

Com foco especial na acessibilidade, a Mostra Nacional do 66° Salão de Abril começará nesta sexta-feira (10) e seguirá até 10 de maio na Galeria Antônio Bandeira, do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB). Para integrar a exposição foram escolhidos 30 trabalhos de artistas de todo o país, dentre os quais 13 são cearenses. A mostra terá início às 19h e acontecerá na Galeria Antônio Bandeira do CCBNB. Na ocasião, o Secretário de Cultura de Fortaleza, Magela Lima, anunciará os três artistas vencedores do prêmio de R$ 15.000,00. A música ficará por conta do artista Uirá dos Reis.

Neste ano, o evento contará com diversas ações que têm por objetivo dar às pessoas com deficiência acesso aos objetos da exposição. Para que isso aconteça serão realizadas ações de natureza arquitetônica, atitudinal, comunicacional e cultural. O responsável por pensar essas mudanças foi Klístenes Braga, especialista em Acessibilidade Cultural. Algumas das medidas tomadas foram, por exemplo, a instalação de um piso podotátil – que permitirá a orientação de pessoas com deficiência visual –, a audiodescrição e etiquetas em braile das obras. O espaço do CCBNB já conta com rampas de acessibilidade. Além disso, a equipe do espaço recebeu capacitação para atender melhor as pessoas com deficiência.

O evento, que acontece há sete décadas, é promovido pela Prefeitura de Fortaleza, através da Secretaria de Cultura, em parceria com o Centro Cultural Banco do Nordeste. A mostra fica aberta a visitação de terça a sexta-feira, de 10h às 20h e aos sábados, de 10h às 19h, com exceção dos feriados de 21 de abril e 1 de maio, quando o CCBNB fechará.

::SERVIÇO 66° Salão de Abril
Entrada Gratuito
De 10 de Abril a 10 de Maio
Galeria Antonio Bandeira, do Centro Cultural Banco do Nordeste


Fonte: http://www.radiouniversitariafm.com.br/noticias/salao-de-abril-comeca-nesta-sexta-10-com-foco-na-acessibilidade/